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Histórico do Evento e Edições Anteriores

            A primeira edição do Seminário “Sociedade, Cultura e Saúde Mental” ocorreu em 2015 e já de modo integrado ao então II Seminário Internacional sobre Representações Sociais, por iniciativa do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UCB. Sua segunda edição, ocorrida em 2016, integrou-se ao XV Seminário de Psicologia, tradicionalmente promovido pelo Curso de Graduação em Psicologia da UCB. Agora em sua terceira versão, volta a se juntar ao Seminário Internacional de Representações Sociais, já em sua terceira versão. Ambos os Seminários visam congregar estudantes, profissionais, docentes e pesquisadores de graduação e pós-graduação em Psicologia e áreas afins e têm registrado uma média de comparecimento bastante significativa. Em todas as suas edições anteriores, ambos os eventos contaram com o apoio de agências de fomento (FAP-DF, CAPES, CNPq), além de algum apoio de instituições parceiras.

      A organização dos Seminários tem sido planejada e executada no formato de conferências magnas, de palestras, de mesas-redondas, de comunicações sob a forma de sessões coordenadas, painéis, oficinas, minicursos e cine debates. Este conjunto de atividades constitui-se sempre numa rica programação, abordando temáticas relevantes e atuais no campo da psicologia, com significativas implicações para a atuação profissional em psicologia e campos afins, como também para a formação de pesquisadores, em perspectivas inovadoras e complementares ao que recebem ao longo da graduação.

      Os pesquisadores e docentes convidados, geralmente ligados a programas de pós-graduação em Psicologia, provêm de diversos centros internacionais de pesquisa, sejam os situados em universidades brasileiras, sejam os de universidades estrangeiras, todas de alto nível, promovendo um rico intercâmbio entre diferentes perspectivas, tanto teóricas, como práticas e metodológicas em campos considerados transversais e integradores. Isto possibilita com que ambos os eventos contem com a presença e colaboração de convidados e pesquisadores internacionais, visando a inserção da psicologia brasileira no cenário internacional como também a possibilidade de um olhar reflexivo sobre o que produzimos e fazemos no Brasil, a partir deste intercâmbio com as realidades de outros países.

          A proposta deste evento integrado é uma iniciativa do Laboratório de “Religião, Saúde Mental e Cultura - RESMEC” do Programa de Mestrado e Doutorado em Psicologia da UCB, o qual se vincula à linha de pesquisa registrada no CNPq sob o mesmo título, liderada pela proponente do evento, Profa. Dra. Marta Helena de Freitas.

           A proposta integra-se também à linha de pesquisa intitulada “Geracionalidade, violência e imaginário - GEVIN”, liderada pelo Prof. Dr. Vicente de Paula Faleiros, vice-coordenador do evento ora proposto.

Histórico do Evento e Edições Anteriores

           

Relevância e Impactos para o DF

       O tema escolhido para a integração de ambos os eventos neste ano de 2017 – “(In)Tolerância Religiosa no Mundo Contemporâneo: Repercussões sobre a saúde e relações humanas” - é de grande relevância social e trata de assunto ainda muito pouco explorado em Psicologia, especialmente no contexto brasileiro. Caracterizada como uma atitude mental de inabilidade ou ausência de vontade para reconhecer e respeitar as diversas crenças religiosas de terceiros, a intolerância religiosa tem sido, ao longo da história, como também na contemporaneidade, acompanhada de muitas outras decorrências danosas à saúde mental e às relações humanas, tais como: prisões ilegais, espancamentos, torturas, execução injustificada, negação de benefícios e de direitos e liberdades civis, terrorismos, destruição de propriedades, incitamento ao ódio, preconceitos, discriminações, bullying, humilhações em público, dentre tantas outras formas de desrespeito e grande barbaridade.

      Mesmo no contexto brasileiro, onde se pressupõe uma cultura mais tolerante, devido aos processos históricos de miscigenação, acomodação às diferenças religiosas e até mesmo o sincretismo, que chegou a unir religiões aparentemente tão díspares (como o catolicismo e umbanda), a convivência pacífica e respeitosa tem sido frequentemente colocada em cheque, com frequentes discriminações contra as religiões afro-brasileiras, espíritas, indígenas ou mesmo contra algumas vertentes evangélicas. Por outro lado, diante das grandes mudanças relacionadas à intensificação e expansão constante dos processos migratórios no mundo e, mais especificamente, no contexto de nosso país, a necessidade de convivência harmoniosa e saudável com as diferenças culturais, dentre as que se relacionam à identidade religiosa, torna-se cada vez mais fundamental para a saúde mental e para as relações interpessoais. Ao colocarmos, então, o prefixo (in) entre parênteses, no título da temática dos eventos em pauta, queremos dar espaço para que se discuta e se reflita, então, não apenas sobre a intolerância propriamente dita, mas, sobretudo, os aspectos que possam estimular e promover a tolerância entre as diferentes concepções religiosas, entre as religiões e as demais diversidades identitárias (sexualidade, etnia, gênero, raça, cor, etc.), e entre as diferentes concepções de mundo e as concepções religiosas. Neste sentido, a junção dos dois eventos, um sobre sociedade, cultura e saúde mental e outra sobre representações sociais nos pareceu bastante pertinente para que se possa compreender e discutir as duas vertentes: tanto a da intolerância e as duas decorrências danosas, quanto a da tolerância e os mecanismos de promoção à saúde mental e qualidade das relações humanas no mundo, no país e, mais especificamente, no âmbito do Distrito Federal.

       Pesquisas ligadas ao Laboratório de “Religião, Saúde Mental e Cultura” 1, 2, 3 , e desenvolvidas com o apoio do CNPq e FAP-DF, coordenadas por esta proponente, tem mostrado o quanto os diferentes profissionais que atuam na rede pública hospitalar e de saúde mental (médicos, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais) se deparam constantemente com aspectos ligados à diversidade religiosa no âmbito do atendimento aos usuários deste serviços, mas também o quanto se sentem despreparados para lidarem com ela, sendo também demandados a superarem suas próprias tendências à intolerância religiosa no exercício ético e competente de suas responsabilidades e cuidados junto aos mesmos. O encontro desta diversidade e sua intrínseca conexão com o modo de vidas dos usuários destes serviços está em perfeita consonância com os dados dos últimos sensos demográficos, que ilustram o quanto Brasília recebeu e continua recebendo imigrantes de todo o país, cada um deles trazendo as características de sua cultura e identidade, dentre elas as de cunho religioso. Alguns deles chegaram a fundar nos arredores da capital curiosas seitas que acabaram se constituindo em verdadeiras modalidades de tratamentos alternativos à saúde, física e mental, como são os casos, por exemplo, da Cidade Eclética e do Vale do Amanhecer.

      Considerando-se a importância da religiosidade para o provo brasileiro e, mais especificamente, para o brasiliense, o sistema Conselhos de Psicologia – em Brasília, o CRP 01, sediado em Brasília, tem se ocupado, recentemente, do tema da religião e seus reflexos sobre a atuação profissional do psicólogo, na medida em que este é pleno de implicações éticas, conforme se tem visto constantemente na mídia, em especial no que concerne ao psicodiagnóstico e tratamento da diversidade de gênero ou aos direitos da  mulher e a prática do aborto. É tanto que as crescentes repercussões midiáticas do tema religioso, em conexão com a prática do psicólogo, têm levado, direta ou indiretamente,

a uma interessante e significativa mudança de cenário no campo dos estudos, atuação e formação em psicologia no Brasil. Assim um tema que tendia a ser quase completamente silenciado no contexto de formação do psicólogo, por ser considerado marginal, desinteressante ou não científico e, por isso, nada afeito aos estudos e discussões no contexto acadêmico e profissional, passou a ser valorizado e reconhecido como relevante e necessário. Entretanto, sabe-se que os estudantes de psicologia continuam tendo pouco acesso a disciplinas, textos, pesquisas, literaturas e debates sobre o tema. Como o Distrito Federal abriga, atualmente, pelo menos seis Instituições de Ensino Superior que oferecem o Curso de Graduação em Psicologia, a relevância desta discussão será de grande impacto, tanto para os atuais como futuros profissionais

desta área, como também de outros campos afins.

         Deste modo, a proposta para os III Seminário Internacional sobre “Sociedade, Cultura e Saúde Mental”, integrando-se ao III Seminário Internacional de Representações Sociais, tendo como mote o subtítulo “A (in)tolerância religiosa no mundo contemporâneo: repercussões sobre a saúde e relações humanas”, propõe abordar os seguintes eixos temáticos: a) Religiosidades / Espiritualidades no contexto da prática em saúde; b) Diversidade religiosa e decorrências para a saúde mental; c) Religião, espiritualidade e (In)Tolerância às diversidades; d) Representações sociais, ideologias, fundamentalismos e (In)Tolerância religiosa; e) Representações sociais da religiosidade e formação do profissional em saúde, educação e ciências sociais.

         Com isto, espera-se alcançar os objetivos de promover um grande debate, fundamentado e a partir da contribuição de vários experts do campo da própria psicologia em geral, e mais especificamente, da Psicologia da Religião, como também de áreas afins, envolvendo ainda diversos atores no âmbito da saúde e das relações humanas – na medida em que lidar com esta temática envolve certamente competências interdisciplinares. Deste modo, acredita-se estar contribuindo para uma melhor preparação de estudantes e profissionais em torno de um assunto ainda muito pouco estudado e abordado no país, mas de profunda relevância psicossocial e com o qual os futuros psicólogos lidarão em seu cotidiano profissional. Como o evento pretende integrar contribuições de convidados de diferentes regiões e universidades do país, como também do exterior, tem tudo para funcionar também como agente multiplicador do debate gerado ao longo de toda a programação prevista, repercutindo, portanto, não apenas na UCB e instituições parceiras, ou em Brasília e seu entorno, mas também em outras universidades e regiões do país e, quiçá, do mundo, na medida em que contaremos com a presença de três convidados internacionais de outros importantes países: Inglaterra, França e Portugal.

1 “Religiosidade e espiritualidade no contexto hospitalar: percepções e experiências das equipes multiprofissionais” Edital Chamada CNPq Ciências Humanas e Sociais 43/2013.

2 “Religiosidade do imigrante: sintoma ou saúde? Investigação com profissionais de saúde mental brasileiros e portugueses”– Edital/Chamada MCTI/CNPq/Universal 14/2014.

3 “Saúde mental no contexto da atenção psicossocial: papel da religiosidade na percepção dos profissionais”. Edital Demanda Espontânea FAP-DF 03/2015.

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